Assalto à velhinha do orelhão e outras peripécias: vamos deixar tudo isso no passado, bora?


Mais um dos meus momento nostalgia da semana: em dias de chuva lembro de uma noite em que eu e uma amiga nos metemos na maior fria – e bote fria nisso. Estávamos participando de um ensaio de quadrilha junina da escola e bateu a maior chuva. Lá pra meados dos anos 90, ninguém da nossa idade tinha um celular e minha mãe tinha marcado com a gente pra dali a uma hora ainda, já que não previmos o fim antecipado do ensaio. Todos foram embora e a chuva aumentava progressivamente, até que em dado momento apenas nós duas estávamos na rua, sem um tostão no bolso e sem a mínima condição de irmos pra casa. Primeira grande ideia que tivemos: fomos pra debaixo de uma árvore. Genial, já que estava relampejando muito. Tivemos um lampejo – sem trocadilho – de juízo e lembramos que aquele deveria ser nosso último refúgio, já que raios, relâmpagos e árvores parecem se gostar. Ficamos protegidas sob um toldo quando visualizamos a nossa esperança: uma velhinha num orelhão. Nosso primeiro pensamento foi: vamos pegar a ficha – sim, ainda se usava fichas nos orelhões, ai ai – da vovó. Então, chegamos solícitas, nos oferecendo pra ajudá-la, mas em vez de discar – sim, o orelhão era a disco – o número indicado pela inocente velhinha, nós discávamos o número da minha casa. Mas Deus, com sua palmatória, não deixou que lesássemos a pobre idosa: o orelhão estava quebrado. Oh Céus. Depois de mais de meia hora de chuva, com pena das criminosas juvenis, Deus mandou uma menina de quem a gente não gostava – vê só o castigo – e ela, meio triunfante e com jeito de “sou superior” – nos ofereceu ajuda, indo à casa da tia, sem nos convidar pra ir junto, claro, para fazer a sonhada ligação com a mãe. Mais de uma década depois, esse assunto ainda nos causa muitos risos.
Como eu disse, é sempre muito bom e até normal sentirmos saudades dessas coisas. Porém, entretanto, todavia, elas estão tão bem onde estão: no passado. Ainda morro de frio só de lembrar da chuvarada. Sem contar no remorso de tentar usurpar a ficha da velhinha haha. Ufa, ainda bem que essas coisas não voltam mais.

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